quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Conversa Com 2009

Ei, 2009, vamos conversar.

Este ano quando estava para começar eu logo senti que não era o meu ano.

Enfim, como bom otimista que sou deixei este mau presságio para trás e tratei de curtir o ano que estava a começar, mas confesso que não deu. Não digo que por falta de vontade minha, embora às vezes pareça.

A questão é numerológica, matemática, astrológica e energética. Sou taurino, daqueles fincados na terra com a cabeça na lua confesso, gosto de novidades nasci no ano de 1990, dia 10, do mês 5. 5, 10, 1990, todos são arredondados, tudo é bem perfeitinho e quando ocorrem esses anos incertos, por exemplo, 2009 que não possui nada de especial, é apenas mais um ano, é quase a próxima década e só.

Meu ano de 2008 foi bom. Fui quem eu quis ser, tive quem me acompanhasse e viesse junto a mim, pessoas se aproximaram e, principalmente, achei o que eu procurava, principalmente onde antes eu não metia o nariz. Agora este ano eu repeti várias fórmulas que no ano passado foram novidade e deram certo, mas isso não rendeu bons frutos. Listo aqui alguns exemplos: minha viagem de férias de novo ao litoral de São Paulo não foi tão minimamente legal como no ano passado, meu carnaval em Conceição da Barra também não foi mais surpreendente, nos assuntos acadêmicos repetimos a fórmula do CA, mas se desgastou, não aprendi tanto como nos outros anos, perdi meu posto de queridinho de professores, fui novamente ao Encontro de Estudantes e nem se compara como este foi pior. Além disso, vi mais amigos se rompendo, vi pessoas sendo o que eu queria ser, dormi grande parte do ano em uma toca fechada. Meus sentimentos não gritaram verdadeiramente, mesmo que eu tenha sentido e alguns casos possam durar pouco e tornarem-se memoráveis. Por fim, espiritualmente eu estive no purgatório e seguindo o raciocínio da minha descrição é melhor eu estar convicto no inferno e procurar um jeito de sair de lá por si só do que esperançoso em um lugar incerto ao esperar uma decisão.

Ou seja, minha estrela não brilhou, sempre faltava algo, ainda que eu alegasse que estava bom em vários momentos agora eu percebi que muitos processos na minha vida ficaram no quase e, como eu puxo certas energias do ano, essa quase próxima década causou em mim um quase constante.

Agora que já escrevi minha carta de despedida a este novo velho ano, posso deixá-lo ir livremente. Algo eu sempre levo até porque não foi à toa que eu tive a lucidez e maturidade para escrever isto, eu aprendi muito sobre mim, conheci um Alan um tanto desconhecido, que até seja por isso que eu não soube me comportar em algumas situações, mas agora eu sei.

2010, 5, 10, 20, 1990 novidades virão, mas sempre com o aconchego do que eu sou/tenho garantido para usar agora. Já liguei o carro, aperte bem os cintos e os olhos porque a adrenalina é nossa amiga, vendemos energia e emitimos luz própria.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

No pulso esquerdo

Hoje resolvi atrasar meu relógio
para melhor ver o tempo passar.
Que tolice!
Então, atirei meu relógio fora
e aproveitei melhor o tempo
sem ponteiros nem desperta
dores.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Estribilho

Com você minhas canções soaram tão afinadas
que eu não percebi que você não escutava.
Talvez se elas estivessem fora de tom
você me daria mais atenção.

Oi!

Primeiro gostaria de comentar algumas coisas.
Em geral, não sou uma pessoa melosa, mas quando eu tenho a inspiração para tanto eu acabo me convertendo.
Com inspiração os meus dias/horas passam muito diferentes, eu mudo completamente, meus olhos não param de brilhar, eu tenho outro sentido na minha vida. É tenso, mas se eu pudesse escolher, eu escolheria assim.
Como de repente me surgiu isso agora, aproveitei e já escrevi....
porém, pode ser por tempo limitado.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Faça você mesmo

Sim. É o quarto e último capítulo da série, demorei a voltar, mas não poderia deixar uma história sem final, não é mesmo? Vale a pena.


1º ato: Mela o dia

Tesoura corre. Esconde-se. Sempre passa por cima de Papel e, como sempre, ele suporta o fardo. Tesoura reflete:

Minha vida não se basta em sonhos
Sonho bastante com a sonhada vida minha
Sondo minha vida com bastão de esperança,
que lança vida minha na bastilha

Papel retruca:

Prezado, como vi-te solitário
só aceite meu convite
Convida seu sonho mais próximo
com vida faz, se preciso...
com vida faz-se preciso
com vida faz ser preciso

Tesoura sorri para Papel, beija-lhe a mão e diz:
_Querido, esqueça seu sonho remoto. Viva com controle. Vá! Procure seu rumo.
Papel decepciona-se com a recusa, mas não se abate porque as respostas hão de chegar.
E fica por perto à espreita.

2º: Ex ternamente bem

Tesoura dá um longo suspiro.
Decide-se ser racional, mesmo que isto custe sua personalidade, mesmo que isto custe seu caráter, mesmo que isto custe-lhe seus sonhos.
Logo cai algo em cima de tesoura.
Era novamente a Pedra, só que está leve, com áurea de sonhadora, brilho nos olhos, vontade demais de mais e mais. Começa o diálogo entre as duas. Pedra diz:
_ Olá. Vejo que se feriu, é isto mesmo?
_ Imagine, senhorita, eu aguento a mais pesada avalanche.
Papel não se contem e diz:
_ Sua mentirosa!
Os dois olham, mas papel consegue esconder-se. Pedra prossegue:
_Você é muito esperto e corajoso. Você gostaria de me arrumar para o baile da pedreira? Você também poderia buscar os meus sapatos? Eu também preciso de retocar as minhas bordas.
Encantado pela presença de Pedra, que nunca deu a ele atenção, tesoura aceitou, ainda que não renunciasse a seu novo estilo racional.
Tesoura começa os trabalhos.
Papel diz:
_ Tola! Diz-se guiada pela razão, mas veja que cena lamentável de se ver.. idolatrando uma pedra.

3ª parte: A dez pedida

Tesoura trabalhou muito, está exausta. Pedra não lhe deu tempo para Tesoura se arrumar para o baile e as duas marcaram de se encontrar ao lado do riacho.
Tesoura chega totalmente desgastada.
Pedra a fuzila com o olhar:
_Como posso comparecer à sociedade com um objeto neste estado? Sem capacidade de dizer não aos meus caprichos, sem capacidade de dizer sim aos seus desejos. Livre-me, oh São Pedro, dessa gentalha, busque alguém com capacidade de me encarar.
Neste momento Papel surge por de trás da mata, encobre a Pedra e diz fatalmente:
_Chega deste teatro. Chega desta brincadeira. Será que você não vê que não é bem-vinda entre nós? Quem é você que ousa pedir prioridades? Há algo na vida que vale mais que vaidade e aparências. Descubra!
Papel atira-se com a pedra no riacho. A pedra fica presa no fundo, sem capacidade de ver o mundo novo. Papel está lá, desmanchando em pleno riacho, teme que suas escritas apaguem-se em meio a correnteza.

Permanece a tesoura sozinha somente.
Apaga-se a luz.
Desliga-se o som.
Fecha-se a cortina de sua vida.

Volta-se ao foco, a tesoura mexe em sua pesada bolsa, dentro havia aquele pedaço do Papel que ela a havia roubado. Nele estava escrito primeiramente uma frase de Antoine de Saint-Exupéry "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Embaixo palavras do próprio papel:
_O segredo da convivência duradoura entre papeis e tesouras sempre foi a cola Mor. Diante de qualquer corte, comum em um relacionamento entre espécies tão diferentes, esta cola tem o poder de solucionar nossos problemas. Agora a fábrica está em crise e como eu posso manter o relacionamento sem ela?
Neste momento acaba o fragmento de papel.

Tesoura conclui:
_Por isso o Papel estava se esforçando tanto, ele queria a cola. A falta dela fez acabar com a nossa relação. Se eu procurasse feito ele, não haveria... Ah, o que tem nesse armário?
Ela não percebeu antes, mas no final há uma anotação sem aparente motivo: Armário esquerda fundo 97208
Tesoura procura. Há um cofre dentro do armário, trancado, com senha. O código só podia ser aquele escrito no mesmo pedaço de papel.
Isso. Ela abre e descobre um estoque grande do produto tão desejado pela Tesoura, dentro havia a mensagem deixada também pelo Papel:
_Isto é tudo seu. Não me importo o que você faça com o meu estoque. Eu só quero dizer que valeu a pena toda a cola que eu pude comprar devido ao meu esforço. Era difícil te vigiar, me preocupar tanto com seus passos. Sim, você ignorava minha presença. Sim, desfazia-se do meu apreço por você. Agora eu deixo em suas mãos. Jogue fora. Despreze. Faça o que quiser. Não me importo os fins, mas que saiba que tudo aquilo foi verdade, tudo aquilo eu senti. Siga seu caminho, Tesoura. Ame!